Em um ambiente de negócios competitivo e em constante mudança, o desenvolvimento de um produto bem-sucedido pode se transformar em uma tarefa árdua e complexa. Consequentemente, as falhas são inevitáveis, mas a forma como as empresas lidam com esses desafios é o que realmente define o seu sucesso. A abordagem correta, portanto, não é negar a possibilidade de erros, mas saber que são parte integrante do processo de inovação. Além disso, existe um obstáculo igualmente significativo no cenário do design de produto: o viés.

Em uma perspectiva de design de produto, viés pode ser entendido como a propensão para fazer escolhas de design com base em suposições, crenças pessoais ou culturais, ao invés de dados concretos e informações. Este é um problema que surge frequentemente, mas é raramente abordado de forma madura no ambiente empresarial. A raiz deste problema pode muitas vezes ser encontrada na própria cultura organizacional, que tende a favorecer determinadas ideias e práticas pré-concebidas.

Uma dessas práticas prejudiciais é o chamado “viés de confirmação”, que leva as equipes de design a procurar e interpretar evidências de maneira que confirme suas ideias ou hipóteses pré-existentes. Em vez de desafiar essas suposições, o viés de confirmação fortalece as crenças já estabelecidas, limitando a inovação e impedindo o surgimento de soluções verdadeiramente disruptivas.

Então, como se lida com o viés de uma maneira madura e produtiva? A resposta começa com o reconhecimento. Reconhecer a possibilidade de viés é o primeiro passo crucial para mitigá-lo. As organizações precisam criar um ambiente no qual o viés possa ser abertamente discutido, desafiado e, por fim, superado. Essa é uma etapa fundamental que, infelizmente, é muitas vezes negligenciada.

Após o reconhecimento do viés, o passo seguinte é o diálogo. As equipes de design de produto devem não apenas usar dados internos, mas também devem buscar uma coleta de dados qualitativos robusta para entender verdadeiramente a experiência do usuário. Isso pode envolver entrevistas em profundidade, pesquisas e qualquer outro método que ajude a fornecer uma visão mais ampla e precisa das necessidades e desejos do usuário. A análise desses dados deve ser realizada sem preconceitos, com o objetivo de explorar novas ideias e possibilidades, e não apenas confirmar o que já é conhecido.

Por fim, é importante lembrar que a luta contra o viés não é uma tarefa única, mas um processo contínuo que deve ser incorporado na cultura e nas práticas de design de produto da organização. A aceitação de erros e a abordagem madura do viés são dois princípios fundamentais que podem levar a inovações mais significativas, criando produtos que verdadeiramente atendam às necessidades e expectativas dos usuários. Em última análise, esses são os ingredientes que definem o sucesso no design de produto no cenário empresarial contemporâneo.

Referências

Cooper, A., Reimann, R., & Cronin, D. (2014). “About Face: The Essentials of Interaction Design”. Wiley. Este livro fornece um panorama abrangente do design de interação, incluindo a importância da coleta de dados e da pesquisa do usuário.

Kahneman, D. (2011). “Thinking, Fast and Slow”. Farrar, Straus and Giroux. Este livro explora vários tipos de vieses cognitivos, incluindo o viés de confirmação.

Norman, D. (2013). “The Design of Everyday Things: Revised and Expanded Edition”. Basic Books. Este livro é uma leitura essencial no campo do design de produto e explora muitas questões-chave, incluindo a importância de entender o usuário e seus comportamentos.

Ries, E. (2011). “The Lean Startup: How Today’s Entrepreneurs Use Continuous Innovation to Create Radically Successful Businesses”. Currency. Este livro oferece uma visão sobre como aceitar o fracasso como parte do processo de inovação.